quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Maria silmara.

Planejamento e organização
do trabalho escolar

Planejar é fazer possível o necessário
Helmar Nahs, matemático alemão.
A melhor forma de viver o futuro é criá-lo.


Competências de planejamento e organização do trabalho escolar
O DIRETOR:
9. Estabelece na escola a prática do planejamento como um processo fundamental
de gestão, organização e orientação das ações em todas as áreas e segmentos
escolares, de modo a garantir a sua materialização e efetividade.
10. Orienta a elaboração de planos de ação segundo os princípios e normas do
planejamento, como instrumento de delineamento de política e estratégia
de ação.
11. Promove e lidera a elaboração participativa, do Plano de Desenvolvimento
da Escola e o seu Projeto Político-Pedagógico, com base em estudo e adequada
compreensão sobre o sentido da educação, suas finalidades, o papel
da escola, diagnóstico objetivo da realidade social e das necessidades educacionais
dos alunos e as condições educacionais para atendê-las.
12. Orienta e coordena a elaboração de planos de ensino e de aula pelos professores,
a serem adotados como instrumento norteador do processo ensino-
aprendizagem, segundo as proposições legais de educação e o Projeto
Político-Pedagógico da escola.
13. Promove o delineamento de visão, missão e valores com os participantes
da comunidade escolar e a sua tradução em planos específicos de ação, de
modo a integrá-los na organização e modo de fazer das diferentes áreas de
atuação da escola.
14. Promove a realização sistemática de diagnóstico da realidade escolar, avaliação
institucional e compreensão dos seus desafios e oportunidades, como
subsídios para a elaboração de planos de melhoria.
15. Estabelece o alinhamento entre o Projeto Político-Pedagógico, Plano de
Desenvolvimento da Escola e o Regimento Escolar e sua incorporação nas
ações educacionais.
16. Reforça e orienta a prática de planejamento em diversos níveis e âmbitos
de ação como instrumento de orientação do trabalho cotidiano, de modo a
dar-lhe unidade, organização, integração e operacionalidade.
32 Dimensões da gestão escolar e suas competências
A importância e a necessidade do planejamento em educação
Conforme indicado na unidade anterior, a ação do gestor escolar será tão ampla
ou limitada, quão ampla ou limitada for sua concepção sobre a educação, sobre
a gestão escolar e o seu papel profissional na liderança e organização da escola.
No entanto, essa concepção, por mais consistente, coerente e ampla que seja, de
pouco valerá, caso não seja colocada em prática mediante uma ação sistemática,
de sentido global, organizada, seguramente direcionada e adequadamente especificada
em seus aspectos operacionais. E essas condições somente são garantidas
mediante a adoção de uma sistemática de planejamento das ações educacionais
em todos os segmentos de trabalho da escola.
Isso porque sem planejamento, que organize e dê sentido e unidade ao trabalho,
as ações tendem a ser improvisadas, aleatórias, espontaneístas, imediatistas e
notadamente orientadas pelo ensaio e erro, condições que tantos prejuízos causam
à educação. Sem planejar, trabalha-se, mas sem direção clara e sem consistência
entre as ações. Dá-se aula, mas não se promove aprendizagens efetivas; realizam-
se reuniões, mas não se promove convergência de propósitos em torno das
questões debatidas; realiza-se avaliações, mas seus resultados não são utilizados
para melhorar os processos educacionais; enfrenta-se os problemas, mas de forma
inconsistente, reativa e sem visão de conjunto, pela falta de análise objetiva da sua
expressão e da organização das condições para superá-las.
O significado do planejamento
Planejar constitui-se em um processo imprescindível em todos os setores da atividade
educacional. É uma decorrência das condições associadas à complexidade
da educação e da necessidade de sua organização, assim como das intenções de
promover mudança de condições existentes e de produção de novas situações, de
forma consistente. O planejamento educacional surgiu como uma necessidade
e um método da administração para o enfrentamento organizado dos desafios
que demandam a intervenção humana. Cabe destacar também que, assim como
o conceito de administração evoluiu para gestão, também o planejamento como
formalidade evoluiu para instrumento dinâmico de trabalho.
Planejar a educação e a sua gestão implica em delinear e tornar clara e entendida
em seus desdobramentos, a sua intenção, os seus rumos, os seus objetivos, a sua
abrangência e as perspectivas de sua atuação, além de organizar, de forma articulada,
todos os aspectos necessários para a sua efetivação. Para tanto, o planejamento
envolve, antes de tudo, uma visão global e abrangente sobre a natureza da
Educação, da gestão escolar e suas possibilidades de ação.
Vale dizer que as finalidades, princípios e diretrizes da educação somente são promovidos,
na medida em que sejam traduzidos por ações integradas, sistemáticas,
organizadas e orientadas por objetivos detalhados, responsabilidades e competênDimensões
da gestão escolar e suas competências 33
cias estabelecidas, tempo e recursos previstos e especificados. Esse processo de
planejamento resulta em um plano de ação, cujo papel é o de servir como mapa
norteador da ação educacional, em vista do que deve estar continuamente sobre a
mesa de trabalho. Planos nas gavetas e que não são cotidianamente consultados
para a orientação das ações a serem realizadas e para o monitoramento e avaliação
das já realizadas, têm valor meramente formal (Lück, 2008).
Como vimos, o planejamento é inerente ao processo de gestão, constituindo-se na
sua primeira fase. É considerado como a mais básica, essencial e comum de suas
dimensões, uma vez que é inerente a todas as outras, já que sem planejamento
não há a possibilidade de promover os vários desdobramentos da gestão escolar,
de forma articulada.

Apesar da importância do planejamento, no entanto, há fortes indícios de que as
ações educacionais carecem de um processo de planejamento competente e apropriado
para produzir planos ou projetos com capacidade clara de orientar todos e
cada momento das ações necessárias. Observa-se haver em várias circunstâncias
do contexto educacional a desconsideração em relação à importância do planejamento
para a determinação da qualidade do ensino, pela organização do seu trabalho
com esse foco. Essa desconsideração é demonstrada quando os planos são
delineados com uma orientação formal, de que resulta, por exemplo, que o Projeto
Político-Pedagógico da Escola e o seu Plano de Desenvolvimento fiquem guardados
em gavetas ou armários, em vez de estarem na mesa do diretor, dos coordenadores
ou supervisores pedagógicos e dos professores; que até mesmo sejam desconhecidos
por profissionais que trabalham na escola; que os planos de aula sejam cópias
daqueles realizados em outras turmas e outros anos letivos, isto é, “planeja-se”, mas
não se usa o plano resultante para orientar o cotidiano do trabalho escolar (ou, na
pior das hipóteses, que esses planos nem existem, por falta de acompanhamento e
reforço por parte do diretor escolar); que os planos sejam considerados como meros
instrumentos burocráticos e não como mapas orientadores do trabalho.

Planejamento: um processo contínuo

A partir de uma visão abrangente e integradora, o planejamento contribui para
a coerência e consistência das ações, promovendo a superação do caráter aleatório,
ativista e assistemático. Como instrumento de preparação para a promoção
de objetivos, ele antecede as ações, criando uma perspectiva de futuro, mediante
a previsão e preparação das condições necessárias para promovê-lo e, acima de
tudo, a visualização, pelos seus executores, de suas responsabilidades específicas
e das competências e determinações necessárias para assumi-las adequadamente.
Embora, no entanto, o planejamento esteja associado à fase que antecede as ações,
é necessário ter em mente que deve estar também presente em todos os momentos
e fases das mesmas, constituindo-se, dessa forma, em um processo contínuo:
planeja-se antes, durante e depois das ações, pois não é possível prever antecipadamente
todas as condições de execução de planos, notadamente, das dinâmicas
sociais, como é o caso da educação.

Dimensões da gestão escolar e suas competências
Há, pois, a necessidade de, diante de imprevistos e novas condições que ocorrem
naturalmente no processo educacional, estar mentalmente preparado e bem informado
para tomar decisões de forma contínua sobre a necessidade de correção de
rumos, reorganização e reorientação de ações.
Portanto, como um plano ou projeto educacional, por mais bem delineado que seja,
não consegue prever todas as condições e situações da dinâmica educacional, não
deve ser considerado como uma camisa de força que tolha iniciativas necessárias
para fazer face a situações não previstas e emergentes; deve também prever a necessidade
de adaptações, a partir do princípio de flexibilidade. Daí porque a tomada
de decisões do processo de planejamento deve acompanhar também a implementação
dos planos delineados, seu monitoramento e avaliação. Essa característica
que exprime uma condição de sucesso ao exercício do trabalho escolar, também
demanda do diretor um posicionamento claro, porém flexível e compreensivo em
relação aos fenômenos e circunstâncias inerentes à dinâmica social.

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